13 junho 2008

Apenas começamos


Esse mês faz um ano que um coletivo de estudantes indignados com a atual situação da Universidade Federal do Maranhão, principalmente no que diz respeito a garantia de uma Assistência Estudantil de qualidade, tocados pelos problemas que assolam os moradores das Casas Estudantis, pela precariedade do Restaurante Universitário, e por uma Resolução da Administração Superior, de carater visivelmente privatista que previa o pagamento de taxas pela utilização dos espaços e materiais da Universidade pela sua propia comunidade, espaços que devem ser gratuitos, ocuparam a Reitoria.
Essas só eram as pautas principais, porém nossa reivindicação era ampla e tocava nos pontos de problemas estruturais dos prédios; a falta de bibliotecas setoriais, assim como a falta de renovação de acervo da biblioteca central do CAMPUS; o sucateamento dos laboratórios de informática; a superlotação dos ônibus;a falta de politicas de Ações Afirmativas; o valor ínfimo das bolsas trabalho;o problema da repressão aos estudantes e moradores das comunidades próximas pela guarda da Universidade; A crescente presença da iniciativa privada nos cursos da área técnica; a gerência dos recursos da Instituições por Fundações de Direito Privado...Uma serie de coisas que mostravam claramente o processo de sucateamento da UFMA e seu visível processo de mercantilização, que não se dá como um fato isolado mas parte de todo um processo de Reforma Universitária que tem por intuito dissociar a universidade de seu papel social transformando-a em mera usina de mão-de-obra para as grandes Empresas.
Foi numa tarde de Junho, em pleno processo de consulta para Reitor e Vice, que passamos pela segurança e adentramos na sala que é para nós o símbolo do descaso com a comunidade acadêmica, num dia que não foi por acaso, pois queríamos também mostrar o nosso repudio a este processo de escolha onde os estudantes e técnicos administrativos tem direito a apenas 15% de representatividade, em detrimento de 70% de peso dos professores, expressando dessa forma a necessidade de democracia interna dentro da Instituição.
E com essa vontade de mudança dos rumos de nossa vida na UFMA, e principalmente pela garantia de que está ainda resista publica e gratuita para os que virão que resistimos durante dez dias, gritamos, discutimos e chamamos a todos para que acordassem da inercia, se levantassem dos bancos de cada sala de aula e fossem fazer o movimento conosco. Dez dias gloriosos e históricos onde conquistamos judicialmente(eles não quiseram acordo) a revogação da Resolução privatista; a entrega imediata da Casa estudantil no CAMPUS; e a reforma, ampliação e aumento de bolsas visando a gratuidade do Restaurante Universitário.
Contudo, diante dos ataques da atual Gestão eleita naquele mesmo dia, Gestão Salgada que se recusa a reconhecer e cumprir com as nossas vitorias, mantendo e aprofundando todo um ataque aos estudantes que se propõem a levar as lutas na UFMA, é que digo a todos que quiserem ouvir: A Luta não acabou.
E digo mais ainda que não adianta a ninguém querer desqualificar nosso Movimento, nos rotular de baderneiros, dizendo que nossa "invasão" de nada adiantou. Nos chamam de sonhadores, como se isso fosse crime, mas afirmo que crime é se deixar conformar e até vender suas oportunidades de uma vida digna por um lugar aos pés do carrasco.Sonhamos sim, refletimos sobre o nosso mundo, e muito além somos de fato os sujeitos da história que é feita por homens e mulheres de carne e osso, que batem e que sangram, que acima de tudo, das desilusões, não recuam a sua tarefa de formar uma sociedade justa.Mulheres e homens que vão entre suor e sorissos, e lagrimas, muitas, abrindo caminhos com palavras, com discursos, com barricadas que se levantam a cada dia para abrir possibilidades diante a tantas dificuldades, cabeça, pernas e braços que trabalham em coletivo.
Repito aos amigos e inimigos...Apenas começamos.

2 comentários:

Paulo Vilmar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Vilmar disse...

Gerussol!
Te imagino tanto minha amiga, te vejo iluminada e falante! Sonhadora e atuante, brincalhona e agitada, séria, brava, amante e amiga, mulher e menina, leitora e questionadora, lua, sorriso, Gerusa iluminada, gerando o novo, a claridade, Gerussol!
Imagino que se um dia te ver, conhecer, beijarei minha guia de Xangô e em respeito, não a ti, mas a todas as ancestrais caboclas morenas deste nosso país, baixarei os olhos e deitado a seus pés, batendo cabeça, pedirei sua benção!
E que em honra e apoio a você e a todos os que não recuam a sua tarefa de formar uma sociedade justa, soem todos os atabaques de todos os terreiros, Gerussol disse e acreditamos, isto é apenas o começo...
Beijos!