04 julho 2008

Educação para os Meios de Comunicação


Teve um post no blog do Daniel sobre o uso da internet, e como este estaria formando leitores instantanêos, efêmeros, e com índice baixo de concentração prejudicial a vida "real", ou seja, as relações fora da tela seja ela qual for. Ele até brinca e pergunta a quantas anda a sua concentração para ler textos longos e densos que requerem uma maior atenção.
Mas o interessante desse post foi os comentários, onde acabei travando uma discussão (saudável e amistosa) com a Daisy, que estuda na área de comunicação e acabou por me fazer uma indagação sobre o papel da educação na formação de espectadores críticos perante a mídia, já que o avanço desta na maneira como tratamos o acesso a informação se torna, na sua visão, cada vez mais inevitável.
Pois bem Dona Daisy, aceitei o desafio e corri atrás de informações que poderiam lhe esclarecer melhor essa questão.
Aqui no Curso de Pedagogia temos a oportunidade (mínima é verdade) de estar estudando de maneira mais aprofundada a relação entre mídia, tecnologia e educação através de eixos formativos eletivos ao currículo oficial do Curso. Nesses eixos o futuro pedagogo tem a oportunidade de estudar temáticas que tem uma relevância e urgência social em serem abordados pelo âmbito educacional (não sei se percebeu a palavra urgência) por estarem causando um processo de mudança na relação dos indivíduos com o mundo, e consequentemente com a educação.
Não é de hoje que ouvimos dizem a boca grande que os conteúdos da televisão, a internet e os meios de comunicação de massa vem ganhando uma importância maior do que os abordados no ambiente escolar. Isso é preocupante pois sabemos que educar não é o real papel destas ferramentas (não estamos falando nesse momento do papel que deveriam ter, e sim de como se configuram hoje), que trabalham como instrumento de alienação geral, e principalmente de uma classe impossibilitada pelo sistema vigente de alcance dos códigos elaborados do conhecimento, no caso aqui a classe popular.
E a mídia se presta a esse papel justamente por estar nas mãos de pequenos grupos que não tem o menor interesse em uma formação critica de seus espectadores, já que o interessante é o estimulo ao consumo de suas informações transformadas em consumo de um ideal de vida e mercadoria que precariza as relações humanas no seu sentido real. Vivemos em uma sociedade do espetáculo onde nossas ações são vendidas e as pessoas são consumidas como mercadoria, onde se tem a ilusão do controle das suas ações e da dos outros através dos Big Brothers, das colunas eletronicas de fofocas, da constante banalização da violência e da barbárie, nos tornando alienigenas em nosso propio mundo, insensíveis as dores alheias e até as nossas propias.
Contudo há uma saída para toda essa problemática que deve ser dada pelos sujeitos sociais do processo, e movimentos de contracultura são importantíssimos nessa perspectiva.
Lembrei que uma vez em um fórum de discussão no orkut me perguntaram que já que sou contra o sistema capitalista por que então estava me utilizando de uma ferramenta criada pelo Google, um dos grandes representantes deste modo de vida? Rebati dizendo que apesar de ser um meio "criado pelo capital" ainda era um espaço onde eu poderia estar levanto discussões e disputando a favor de uma sociedade realmente justa, e que para isso qualquer lugar é valido.
O orientador da minha monografia me disse hoje que o grande beneficio que o sistema capitalista trouxe para a humanidade foi o estimulo as inovações tecnológicas, e que apesar deste querer que todos nós acreditemos ser isso resultado puro e simples de sua existência temos a alternativa de mudar a situação ao nosso favor. Ou seja, apesar das inovações tecnológicas terem nascido no berço do capital elas são inerentemente ações do esforço humano, e por isso temos a oportunidade de tirar isso do serviço para alienação para coloca-lo a serviço da emancipação.
Tudo vai depender como disse mais acima das ações de ruptura dos movimentos de contracultura que vem se instalando em nossa sociedade e colocando em xeque o papel do humano no mundo em que vive. E a escola, como um organismo dual dentro do sistema (que pode tanto reproduzi-lo como contesta-lo) também tem esses papel de educar para a formação critica perante a mídia.
Isso está acontecendo aos poucos, com movimentos reconceptuais que propõem a mudança do currículo escolar para contemplar temas que venham dar aos sujeitos do processo educativo a real noção dos problemas que afetam a nossa sociedade, tornando estes capacitados a atuar de maneira transformadora neste meio, na busca por uma sociedade justa com uma cultura que resgate, respeite e valorize o humano e as suas relações. A educação para os meios de comunicação está dentro destes novos temas abordados pela escola transformadora.
Mas isso querida Daisy, você sabe não é fácil, já que poder é algo que ninguém entrega assim de mão beijada, e a manipulação de mentes ajuda muito na manutenção do status quo. Contudo acredito que nós que estamos prestes a sair da universidade temos um desafio grande pela frente, como profissionais da comunicação e educadores, pelo trabalho de formação de mentes criticas e atuantes.
Boa sorte para nós todos.

2 comentários:

Fernanda Papandrea disse...

Boa sorte!

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado