06 dezembro 2007

Circulando o Conhecimento

Assim que entrei na Universidade (depois do penoso e excludente vestibular) tinha em mente, e ainda tenho, que toda a produção de conhecimento deve ter o seu retorno social.
Penso isso por que meu pai, com sua consciência
empírica me dizia, quando íamos apanhar cajus dentro da UFMA (saudades da minha infância!) que tínhamos todo o direito sobre a árvore, pois esta foi plantada, assim como a Universidade foi construída, e é mantida com o dinheiro do suor dos trabalhadores honestos que pagam seus impostos a cada prata de feijão.
Grande poeta meu pai, grande consciência de homem do povo. De fato é a massa proletária, os assalariados, que
mantém os Estado de pé através da constante exploração dos seus braços. Não é diferente com a Universidade, este ente dotado de três pernas, essenciais a sua existência e denominação como tal.
A terceira perna (extensão) é desenvolvida em grande parte com as comunidades
circunvizinhas (Bacanga, Sá Viana e Vila Embratel).Estes bairros se utilizam do ônibus que circula no CAMPUS, compram passes no posto, vão ao banco, praticam esportes, dentre outras atividades organizadas pela Universidade.
Isso pra mim é pouco!Pouco por que os investimentos em extensão são insuficientes para a criação de novos
projetos , é até para a manutenção dos já existentes (só para se ter uma ideia o Projeto escola Laboratório, que trabalha com a alfabetização de crianças oriundas destas áreas, existe há 11 anos e passa por sérios problemas de verbas).Também não há uma politica de Assistência Estudantil capaz de manter o aluno de baixa renda até a conclusão dos estudos.
Porém para resolver esta situação o
REItor Natalino Salgado, juntamente com o deputado Gastão Vieira conseguiram um convênio (não lembro agora com quem...) que liberará uma verba de 3 milhões para...A CONSTRUÇÃO DE UM MURO!!!!!
Muro este que irá encastelar a
UFMA e, nas palavras se não me engano do propio Gastão "impedir futuras invasões" (!?).
Agora a pergunta que não quer calar...É a solução para os problemas
elencados acima?
Privatizar o saber
academico e impedir o seu acesso as camadas populares que tem direito a ele começa assim.
Circular o conhecimento e marginalizar, ou como muitos andam fazendo, naturalizar a pobreza a transformando em uma paisagem social é o melhor caminho encontrado por
Natalino, Gastão e Lula (pensou quê ele ia escapar!?) pra tratorar o problema de forma rápida...Pobre não dá retorno financeiro na Universidade, apenas nas fileiras das linhas de produção (isso se ele conseguir emprego por que como diria o Professor Romildo de Fundamentos Economicos, depois do avanço da microeletronica e da robótica...).
E neste processo de "higienização social" os próximos seremos nós, os atrevidos que transporam os muros...não nos sobrará sequer os cajus.


Um comentário:

Dowglas Lima disse...

Pois é, minha querida...o muro que Gastão Vieira quer construir aí na UFMA tem uma simbologia... duvido muito que ele queira somente impedir as pessoas de apanhar cajus.

aliás, o povo do Maranhão, de tão sofrido, merece cajus, castanhas, maçãs, morangos, tangerinas, romãs, pêssegos, mangas, goiabas e melancias suculentas.

Mas os políticos só dão banana.