29 abril 2008

Sobre pensar em demasia...


Estava eu pensando sobre pensar demais (?)...hahahahaha, pode parecer loucura mas realmente estava estes dias pensando sobre pensar e cheguei a conclusão que em certas proporções te faz muito mal.

É mais ou menos assim:

Você se vê com uma certa situação. Ai começa a pensar nela, e passa horas com ela na cabeça, faz altas conjecturas sobre o que poderá acontecer, conversa com outros sobre o assunto, dorme e acorda com a merda do problema na sua frente (pois depois de tanto pensar ele já virou um).Isso te deixa mal de uma tal forma que chegam os sintomas físicos.

Ai você se dá conta de que tem que se livrar disso...Mas como?


Simples: pare de pensar nisso oras!


O ato de pensar demais em certas situações faz com que vejamos pelos em ovos, e leva coisas tão simples a proporções totalmente angustiantes. Fazer das coisas um problema sem fim as vezes é mais fácil para alguns do que simplesmente deixar que elas aconteçam de maneira natural. É preciso ter consciência de que devemos aproveitar as situações, vive-las!E não perder tempo pensando demais nelas.
Quanto mais analisamos a vida que levamos, mais sentimos vontade de nos acovardar e de enfiar a cabeça na terra feito avestruz (se é que eles fazem isso...) e as vezes com razão pois ela(a vida...) não é fácil. Mas como você vai saber lidar com situações se não as vive?
Nunca é demais pensar no que será de nós, mas se não vivermos nunca saberemos se foi realmente aquilo que pensamos.

"Sem contar que se preocupar em demasia faz mal pro coração.Seria melhor se você ouvisse ele de vez em quando..."

PS: Só pra constar eu tô ouvindo "relax" do Mika!hahahahahaha

20 abril 2008

Vamos lavar os trens Geruza

As 16hs do dia 19 de Abril, eu me tornei a ultima Gerusa da família Ribeiro Silva, legado este deixado por Geruza Francisca, minha avó que sentiu o alivio da partida por deixar aqui toda dor que estava sentindo.
Bem verdade que minha prima Iane também se chama Gerusa, mas a opção do nome que iria ser seu foi feita desde pequena assim como eu abdiquei do nome Flávia que trago em minha certidão.
O nome que significa nascida em Jerusalém veio junto com minha avó do interior do Piauí, que me dizia ser neta de índia.Ela que foi abandonada pelo pai na casa de uma desconhecida que a criou, e depois se casou aos dezoito anos com João Velho, sempre velho desde menino, e terminou de criar os filhos, seus irmãos, que o pai trouxe quando voltou pra morrer, fugido da seca desgraçada e da vida sem rumo do sertão.
Depois vieram os filhos seus, todos negros como João, os homens alegres e mansos como ele, as mulheres também alegres mas com a agonia breve de Geruza, que alegria teve poucas na vida e com isso já se conformara de muito.Dos dez filhos que teve, dois se foram pequenos, mortos pelas doenças da infância, e o mais velho morreu longe dela nas vésperas da comemoração das bodas de ouro de se casamento com João. Muitos do que ficaram fizeram sua vida e famila perto dela, já outros como meu pai deixaram a casa cedo e foram para outras paragens distantes da cidade de São João dos Patos.
Eu sempre cresci sendo chamada de Geruzinha, e quando pequena só vi minha vó uma vez da qual não lembro bem, mas me dizem que eu imitava seu jeito de andar e de cochilar depois do almoço.Meu pai sempre mandava eu escrever cartas pra ela, que mandava junto com as dele, e eu caprichava com desenhos de como eu imaginava ser essa família que não conhecia, essa Geruza que me tinha dado seu nome.
Ela só veio ficar mais próxima de nós quando meu avó se foi por conta de um derrame que lhe comprometera o movimento das pernas.E quando meu pai ficou sem emprego fui morar com ela durante um ano.Ai conheci a força da Geruza que não chorava, que não dava carinho, que se enchia de uma teimosia de vencer a morte e os obstáculos que a velhice trazia, que não queria mudar sua maneira. Mas que de vez em quando se pegava com lágrimas nos olhos cheia de saudade dos filhos e do João,e que quando íamos viajar mandava matar o capão pra fazer o frito, e ia aprumar as roscas, os bolos cacete e os beijus de tapioca enrolados na folha de bananeira.
A geruza só sabia amar assim.
A ultima vez que a vi foi no final do ano passado, onde ela estava muito feliz de ter seus netos amados perto dela. Ela nunca mudou e apesar de ter vivido comigo um ano nunca aceitou e se acostumou com minhas horas malucas de comer e dormir, mas aprendeu a deixar a porta aberta pra não perturbar seu sono. As vezes eu a fazia rir.
Quando me despedi dela disse que queria vê-la passando uns meses lá em casa,e que viríamos todos no próximo final de ano. Mas ela se foi aos oitenta e um anos sem ter a chance de colocar no colo a filha do seu neto favorito, meu irmão.
E agora só ficou a Gerusa nova, cheia de uma responsabilidade de honrar o nome de mulher que por tudo lutou.Eita vó que você vai fazer uma falta danada no final do ano, mas eu vou manter a promessa que estaremos todos juntos e felizes em sua casa.Tentaremos.

16 abril 2008

Tipinhos Inuteis

Estavamos nós, em plena tarde de domingo, andando pela rua do Sol deserta, em direção a Praia Grande, no Centro Histórico de São Luis, falando da vida, do jogo entre Flamengo e Botafogo, de quem matou Isabela, de como a Universidade e o trabalho está nos matando, quando um dos meninos, meu querido amigo Jorge nos contou um caso.
Essa pessoa maluca é acadêmico de Direito, um dos poucos que salva a droga daquele Curso lotado de pessoas idiotas que estão pouco ligando para coisas muito interessantes e enriquecedoras como os Direitos Humanos, Assessoria Jurídica Popular, "Direito Alternativo", dentre muitas outras coisas que tornam a pratica do Direito menos tecnicista e mais voltada para o que realmente deve ser.Mas enfim...
Ele nos contou que tem uma professora que é formada em Filosofia e está dando a cadeira de Ética...

"Vocês precisam ver gente, ela viaja e vai fazendo varias referências", dizia ele. E justamente nessas aulas ele ficava "cada vez mais convencido de que aquele povo do Direito só tem merda na cabeça."

"Outro dia ela tava falando da gritante desigualdade social que existe na sociedade, e como o homem tem a capacidade de consumismo tão grande, enquanto outros não tem nada"

"Enquanto alguns desperdiçam comida, existem outros que retiram seu alimento do lixo...". Dizia ela muito exaltada, como ele nos relatou.

Então neste momento foi o ponto alto da aula, quando um outro estudante (mas acho que esse merece ser chamado de aluno) se manifestou e falou...

"Realmente professora isso é uma vergonha!Meus pais sempre me ensinaram a nunca desperdiçar a comida que botamos no prato, pois tem muito gente que não tem o que comer"...

E então o individuo fecha com chave de ouro...

"É por isso que acho que quando fossemos jogar a comida no lixo deveríamos guarda-las em saquinhos plásticos para que os pobres não os recolhessem em condições insalubres."

...

Isso é verdade por incrível que pareça...



PS: A foto do jornalista Diogo Mainardi veio parar nessa postagem por ser uma grande inspiração para estas "pessoas de bem".

12 abril 2008

Mudança de Habito


Nossa pequena como tu tá sumida!

...É realmente estou sumida...

Esse dialogo tem sido algo constante em minha vida ultimamente, sinal de que consegui colocar em pratica algo que me prometi na virada do ano...Sumir.
Sabe quando você sente a necessidade de se afastar de muitas coisas pra poder priorizar outras? Pois é, antes você me encontrava facilmente pelos corredores da Universidade, sempre disponível para uma conversa trivial antes da aula.Mas agora você só me encontra indo ou voltando, meus momentos de conversa estão mais raros, meus risos mais contidos, meu cansaço mais visível.
As pessoas não entendem que eu não tenho mais o mesmo pique de trabalhar a manhã inteira, estudar a tarde e a noite ( nesse meio tempo entre a tarde e a noite articular, militar e coisas afins) e no final da aula rumar para o Reviver e encarar a cerveja da Faustina. Chega um momento em que as coisas se apertam tanto que podem te sufocar, e você tem que fazer uma escolha, para poder ser bom e dar conta com total responsabilidade de suas tarefas. Mesmo abdicando de muitas coisas ainda não consegui ser boa no que estou me propondo a fazer, ou talvez eu esteja exigindo muito de minha pessoa, por conta disso só estou aceitando o que minhas pernas alcançam, pra não cair mais tarde.
Só que existem coisas boas em se dar um chá de sumiço, como você conseguir um pouco de paz pra pensar em tudo o que tem feito de sua vida e ver que certo vazio que você sente mesmo estando no meio de tanta gente é totalmente compreensível, explicável quando você para pra senti-lo como ele merece.Eu descobri nesse meio tempo o sentido do meu vazio, e descobri também que tenho um bando de amigos que sentem muita falta de mim, e outras pessoas que eu nem conheço direito mas que se sentiram no dever de notar minha ausência, de reclamar meu sorriso de volta, e nessas horas você se dá conta de que todas as suas atitudes refletem instantaneamente em alguém.Incrível né!?
Vou continuar sumida por um bom tempo creio eu, resolvendo tudo que tenho a resolver, aparecendo só quando estritamente necessário.A certas mudanças que se operam de maneira lenta e quase imperceptível, mas que são boas para preservar as coisas importantes que temos e muitas vezes não enxergamos na ânsia de abraçar o mundo com as pernas.Experimenta sumir também, tenho certeza de que vai notar muita coisa que antes não via.

10 abril 2008

Hoje eu acordei tão triste, que até o dia estava nublado, estranho depois de tantos sem chover, os pingos finos começarem a cair. E eu sem me importar com eles, pois quero mais é ficar triste, ando desde muito e agora mais ainda sem vontade de arreganhar os dentes pro dia.

03 abril 2008

Aos meus queridos calouros

Está é a minha terceira turma de calouros desde que entrei na universidade, e isso me faz pensar em muitas coisas boas e importantes.
Quando me refiro a calouros estou falando num sentido geral e não só do meu curso, já que dentro da minha condição de militante do Movimento Estudantil e das responsabilidades que isso me acarreta sou gentilmente convidada a falar a quantas turmas possível, de Enfermagem a Ciências Sociais, e uma coisa que gosto muito de dizer pra eles e que se dêem a oportunidade de viver tudo o que a universidade venha oferecer.
É um momento único meus queridos, algo que jamais vai voltar e que tem tempo certo pra acabar ( a não ser que vocês queiram ficar desmoralizados como os nossos fosseis que já tem mais de dez anos na instituição e correm risco de jubilação).Não percam seu tempo em deslumbramentos que os levem a pensar serem melhor que os outros, pois lhes digo que quanto mais passo tempo aqui mais percebo que a ciência nada mais é do que aquilo que meu pai me ensinou, só que com um enunciado melhor elaborado.
Também digo que não percam tempo em perpetuar a hierarquia de cursos que aqui existe, já que isso não vai te livrar de ser um desempregado com diploma amanhã.Não esqueça do mundo lá fora, tenha consciência de que esta é só mais uma maneira de passar o seu tempo e cabe somente a você fazer com que ele passe com qualidade, pois como já disse existe algo além dos muros e muitos ficaram do lado de lá para que estivesse aqui.Trabalhe por eles.
Não se engane com titulações.Isso não livra ninguém de ser um porco hipócrita que não essitará em humilhar para satisfazer seu ego pessoal. Dê bom dia a cada vigia, servente, tia do cafezinho (alias o café da tia da Reitoria é o melhor!), são eles a base pra que tudo funcione.Jamais falte a aula daquele professor que passa horas falando coisas que te instigam a sair da inercia, pois são esses que apesar da constante desvalorização de sua classe ainda cultivam sonhos.
A universidade, assim como a educação como um todo é a mais eficiente em reproduzir o sistema atual e, ao mesmo tempo, criar mecanismos que o leve a falência. Estes dois lados esperam que você tome partido diante das coisas.Aqui é o lugar de tomar partido independente de qual for, por isso não fique parado com o risco de se arrepender.
Vá a todos os ponches* possíveis, todos os bares ruins, todas as rodas de violão, assembleias, passeatas, ocupações, não morra sem faze-los pois muito além de ressaca e riscos de apanhar de seguranças fortemente armados você terá experiência e muita história boa para netos futuros.
Tudo que está ai é fruto da minha curta e intensa experiência, mas quem disse que é pra durar pra sempre? Queria dizer mais coisas, muito do que está ai falei pra poucos, mas a mensagem mais importante que é viver eu sempre passei a diante.