21 dezembro 2008

Flash Back

Esse post consiste em flash backs das situações mais simples, mais estranhas, tristes ou engraçadas que vivi neste ano, que como os outros foi rápido, e deixou aquele desejo de querer parar um pouco no tempo, ou voltar e viver tudo de novo. Não vão estar todas aqui, mas algumas que vem na retina eu vou escrevendo.

"Por quê bêbado sempre dá vexame? E por quê mulher bêbada sempre fala mal dos homens?... Eu e minha amiga (depois de ter bebido muito) fomos comer uma cachorro-quente no Sousa(uma entidade fast-food ludoviscense), e dentro do silêncio sagrado da refeição ela dispara aos berros- Poxa Gerusa! Por quê tu deixou que fulano brincasse com a minha cara! Por quê tu não deu umas porradas nele? - E eu me recuperando do susto - calma, as coisas não são assim- até que do nada o cara da mesa ao lado grita - fica assim não minha filha! Homem nenhum presta! Eu digo isso, pois eu mesmo não presto! Abaixa a cabeça não mulher! Te valoriza! ele não te merece...
Só depois eu percebi que ele também estava bêbado. E essa foi a gafe etilica do ano."

" O melhor do meu Carnaval foi ser abordada pela policia (era proibido beber em garrafas de vidro) e ver o Raul descadeirado depois de descer até o chão dançando o creú."

" Eu ganhei de presente do Mark o livro da minha vida. E o li de novo, e encontrei novas mensagens, e chorei com ele. E, creio eu, vai ser assim a cada nova leitura."

" Eu fui ao Teatro ver um cara fazendo um tributo a Chico Buarque. Me empolguei, cantei a maioria das músicas e quase cheguei ao ponto de subir na cadeira e dançar... Tudo isso enquanto um senhor de uns 60 anos me fitava, de vez em quando, espantado. Talvez ele ache incrível gente jovem gostar de música boa, ou só estivesse me achando uma louca mesmo."

" Eu rodei dançando 'Madalena' no show do Ivan Lins."

" Eu disse pra minha vó, que a veria de novo no final desta ano. Ela faleceu antes disso, e deixou muitas saudades."

"Eu sentei no ônibus (que faz linha pra UFMA) e espirrei, quando um cara do meu lado falou - saúde. Obrigado, eu respondi, e então ele chegou mais perto e começou a perguntar meu nome e a dizer que eu parecia ser interessante. Até que eu disse que não estava afim de conversar com um estranho - É incrível como a pós-modernidade torna as pessoas tão individualistas ao ponto de recusarem a chance de interagir com pessoas interessantes- essa foi a resposta dele..."

"Encontrei a minha Professora de Química do 2º ano, dando aula na Escola onde eu estava fazendo o meu estágio. Ela se emocionou ao me ver, e ao saber que já estou prestes a me formar."

" Eu acompanhei pela televisão um país massivamente concervador, puritano e racista eleger um homem negro."

" Me emocionei ao ver que o Nelson está dando continuidade a um ciclo de engajamento estudantil, do qual, daqui a uns meses, não farei mais parte. E de saber que de alguma forma eu contribui pra isso."

" Eu acompanhei o Alex entrando no ensino fundamental, e senti uma satisfação pessoal ao ver ele lendo o primeiro de muitos livros que eu vou dar a ele."

" Acompanhei todas as rodadas da serie A do campeonato brasileiro de futebol. Xinguei com o meu pai assistindo os jogos, vi o São Paulo subir na tabela e se tornar outra vez campeão, o Vasco ser rebaixado e o Corinthians subir... Mas o que foi aquela contratação do Ronaldo 'fofômeno' ?"

" O Daniel definitivamente virou meu amigo. Daqueles cheio das intimidades e palhaçadas, de confiar certas coisas que não se confia aos outros, de me decepcionar por não ter trinta anos, não ser formado e barrigudo, não ter emprego chato e morar sozinho... Ele é tão inteligente, e não sei por que diabos me dá corda.Com aquele olho verde chato dele, que ainda por cima não quer me dar (os olhos). Mas o mais interessante da nossa amizade você não sabe - nós NUNCA nos vimos pessoalmente."

" A Dianne é muito engraçada, adoro ela. E a gente resolveu outro dia que ela vai no meu casamento."

" No shopping tinha um cercadinho com balões e uma casinha cor de rosa - Ai, vamos entrar!? - Eu virei perguntando pro Dowglas, e ele me olhando com aquela cara de ' a Flávia é mesmo doida varrida', disse - Tá, eu sou um crianção, mas num shopping não dá - Esses homens sem coragem..."

"Ado! Aado! Cada um no seu quadrado."

" Cara! Era pro sapato acertar bem na venta do Bush, mas mesmo assim já fechei meu ano com chave de ouro.Beijo de despedida é a mãe!"


Bom, agora eu creio que eu vou entrar de ferias, e este blog também. Final de Janeiro estou de volta, e como diz a mamãe "ano novo, vida nova", com certeza vai ter muito assunto novo, e muita coisa encaminhada.

Beijo e me liga.



12 dezembro 2008

Achado


Eu estou aqui, em meio a uma tpm brava, em final de ano e de periodo na faculdade. Criando forças pra retomar a monografia novamente, e só parar quando terminar. Tentando acreditar que 2009 vai ser o ano da virada, donde vou passar de universitária explorada na condição de estagiária para uma pedagoga formada e desempregada, engrossando as fileiras da crise estrutural. Mas nenhum desses é motivo fundamental deste post. Eu só passei aqui pra deixar um link pro blog do José Saramago, que salvou a minha noite. Legal né!?

09 dezembro 2008

Timidez


Na verdade, eu sempre quis dizer que, pra mim, o sorriso dela era o céu ,sabe? Eu sempre dizia que o sorriso dela era bonito, mas na verdade comparar ao céu fazia mais efeito do que dizer que era simplesmente bonito. Bonito era muito pouco pra ela, e todo mundo sabe o efeito que o céu me causa, e se tivesse tido coragem teria feito ela entender o quanto o sorriso dela significava pra mim.
Coragem... Dizem que se vende coragem em qualquer buteco, e agora me pergunto por que não me embriaguei. Ao invés disso eu tomei razão, pensei horas no melhor pra nós dois...eu e ela.
Não me olhe assim! Não, não, eu sei que você não disse nada, mas seus olhos. Eu queria que ela tivesse me olhado assim, que ela até me fitasse com raiva, pois eu sou um idiota. Eu queria que você estivesse lá comigo e, veja bem, eu lhe juro que não estou devaneando, e na verdade nem sei mais se não estou, eu não sei mais o que fiz, ou o que me fizeram.
Só lembro que disse que não podíamos mais. E para que estas palavras saíssem de minha boca foram como facas. E também sei que você queria saber o por que, e se disser que nem eu sei ai terás a confirmação de que sou um idiota completo. Só digo que, depois da frase proferira me vi num redemoinho de lembranças, tão lindas e tão vivas dela. Me afagando os cabelos, me jurando amor, me beijando com uma mistura de doçura, segurança e leviandade como ela é, uma mistura dessas três coisas.
Agora eu te pergunto por que disse aquilo, se no fundo eu não queria estas sensações só como lembranças? Eu queria ela, eu queria a sua carne, sem o peso de ter, pois isso era algo custoso, já que ela era ora grandiosa, cheia de atos de coragem, de força e decisão, e ora era pequena, e só queria chorar jogada ao chão da cozinha, e se levar por desejos mesquinhos. E até aquele momento, em que fui tomado por uma sensação incomoda, não tinha tido a consciência do quanto a amava.
E quando emergi daquelas lembranças só pude olhar pra ela, que estava lá de pé com os olhos marejados, porém firmes a me olhar. Não sei, talvez esperava que eu dissesse mais alguma coisa, e eu te juro que falei o quanto estava me sentido incomodado por deixar meus sentimentos de fraqueza me dominarem, a ponto de joga-la fora. Ela que tão bem me quis, que sempre se fez quando precisei, que sempre estava... E qual não foi o meu espanto, que me mantêm atônito até este instante, quando percebi que som algum transformava em palavras o meu pensar,
de querer falar-lhe e não poder, e levei minha mão a boca notando que não tinha a forma dos lábios.
Estava mudo e disforme, vendo os olhos dela crescerem sobre mim juntamente com minha agônia.
Tentei segurar seus braços, e notei que minhas mãos se desfaziam como areia, e minhas lágrimas como espuma, até que me desfiz como o mar entre suas pernas,e fugi,acuado e oprimido pela minha timidez invencível.

02 dezembro 2008

Todos os anos, todos os erros

Já é Dezembro, e aquela sensação de fim de ano, tão incomôda, está chegando. Assim como chega os resfriados, devido a mudança térmica causadas pelas chuvas do período aqui em São Luis, e tão certo como as propagandas de natal, os chocottones ,e a música mais-que-repetitiva da Simone.
Dai começam os pseudos sentimentos solidários, a preocupação da mamãe com os presentes, o inferno de pessoas na Rua Grande, as avaliações da sua vida medíocre... E você vê que tudo gira, e volta pro mesmo lugar no fim do ano.
Aqui em casa tá uma bagunça, pois acharam uma boa ideia empreender uma reforma. Aliás, meu pai achou que já era hora de eu ter um quarto só meu, mas eu acho que já é tarde pra isso na casa dos meus pais, como já é tarde pra muitas coisas. Mas reformas são sempre bem-vindas, pois nunca se sabe quando o filho vai se separar e voltar pra casa, ou quando a filha vai cair numa fúria insana de ir embora...Nunca se sabe, mas deve-se estar preparado. Este ano, por exemplo, eu não estava preparada pra perder duas avós, e deixar ir embora da minha vida, sem suspeita de possível volta, alguém que se tornou todas as coisas do mundo. Eu não estava preparada.
Mas você não pode se abater querida! Pois o mundo está girando, e você tem que deixar o seu cabelo crescer, fazer os exames rotineiros, pintar as unhas na cor vinho reserva, entregar os relatórios, pagar o cartão de credito, comprar um vestido pro casamento do irmão (de novo), contribuir com as contas da casa, beber com os amigos, fazer aulas de frânces, usar creme facial com filtro solar, acordar cedo, tirar a maquiagem do rosto depois da festa, rir, ser sociavel, não dar uma de periguete, ouvir os conflitos amorosos das amigas, mediar as discussões (?) dos pais, levar os sobrinhos na exposição de arte contemporânea, ir a palestras, dar palestras, brigar, não cair do salto, estar presente nas aulas, ler os textos, fazer projetos... Você tem que ser querida, você tem que ser... Tudo em 365 dias, e as vezes você não dá conta.
E sempre tem aquelas horas em que você não aguenta ser quem é, ou quem você se fez ser, e quer mais é chutar tudo, t-u-d-i-n-h-o-m-e-s-m-o. Então você caminha com os pés descalços na areia, chora bicas e diz "como eu queria voltar atrás". E será que voltar atrás iria adiantar de alguma coisa? Continuaríamos cometendo erros, senão os já cometidos, outros diversos, mas sempre erros, sempre irá ter uma magoa. É um fato que não podemos evitar, e como diz um amigo meu " é fazendo merda que se aduba a vida".
Tão certo como o ar que eu respiro (aleluia) 2009 vai chegar, e vamos dizer "ano novo, vida nova", mas no Dezembro que virá estaremos aqui lamentando os infortúnios inúmeros que tivemos.
E vai ser tão gostoso quanto está sendo agora reclamar de todas as cagadas que fizemos, ou que fizeram com a gente, e de como esta vida sufoca, mas é nossa. E de como não erraremos mais, de como seremos bons, justos, autruistas, lindos-de-capa-de-revista. Remendados e prontos para os novos erros, ou os já velhos, mas em edição de luxo, com capa dura.