19 julho 2008

Está nos olhos de quem vê...


No meu post passado eu falei que gostava de homens, além de inteligentes, magrinhos e desajeitados, mas que na verdade a aparência era uma coisa que não importava tanto pra mim, o que acabou suscitando outra discussão com algumas pessoas que leram o post : a minha aparência, ou melhor o valor estético das mulheres na nossa sociedade.
Confesso que meu físico e tido dentro do padrão estético atual (56kg dentro de 1,73m de altura), e que não faço esforço algum para mante-lo (se eu fosse fazer regime, seria de engorda). Mas em compensação tenho um cabelo cacheado que vive armando, pés enormes, uso óculos desde os cinco anos de idade e não tenho a menor paciência de usar maquiagem e salto alto todos os dias (vou pro estágio e pra UFMA de havaianas).
Me parece que a sociedade anda doente dos olhos. Engraçado que outro dia vi uma propaganda de uma marca de cosméticos onde todas as mulheres andam iguais, mesma roupa, mesmo corte e tipo de cabelo, e dizia que seria horrível um mundo onde todos são iguais, e neste mundo não há beleza nem vaidade...Só que é isso que está prestes a acontecer, todas malhando muito, faz regime, faz dieta, bota silicone, aplica botox, usa a ultima tendência da estação... Chapadinhas e devidamente uniformizadas.
Sabia que o Brasil está entre os países campeões no ramo da cirurgia plástica? Nossa cultura não perdoa as mulheres que não estão próximas da Gisele Bündchen ou da Juliana Paes por exemplo...Sabia que a lendária Miss Brasil Yeda Vargas disse que tinha pesadelos ao se imaginar envelhecendo, que quando chegou aos 40 anos tinha medo de sair a rua e deixar que todos notassem como ela não era mais aquela menina encantadora?Eu tenho pena delas.
Mas e os homens, será que os homens realmente realmente só gostam das mulheres com peitão e bundão...Será que um homem teria coragem por exemplo de assumir que sente atração por mulheres gordinhas, ou por garotas que usam óculos, ou por sardentas, baixinhas? Enfim... Sabia que há videos pornos só com gordinhas?Creio eu que o imaginário está muito longe do real, pois esses ícones de beleza também tem aquele bafinho quando acordam, se coçam, tem estrias, mau humor, usam filtro solar, tem espinhas, menstruam todo mês, urinam e defecam.
Lembrei de uma amiga que ,quando dorme na casa do namorado ou vice-versa, sempre se levanta antes dele pra fazer tudo o que se faz pela manhã, para que quando ele acordasse não se deparasse com ele de cara inchada. Perguntei até quando ela iria viver assim, pois se um dia eles casassem ela não poderia fingir 24 horas por dia.É muito ruim ir pra cama com um sonho e no dia seguinte se deparar com uma realidade distante.
Nós mulheres, assim como os homens deveríamos ter o direito a imperfeição. Achei o cumulo quando o pai de um amigo meu trocou sua esposa, que lhe dedicou uma vida largando seu emprego e lhe ajudando a crescer na sua carreira, por uma garota da minha idade, dizendo pra sua então ex-mulher que ela estava muito velha pra ele...E ele!? Ele também não está velho?Nós mulheres não somos um bibelô de estante que pode ser jogado fora quando sofre avariações.
Não abro mão do meu direito de ficar ao natural, de cara lavada, jeans, camiseta e coque no cabelo (de vez em quando vestido e cabelo, ambos soltos). Não abro mão de envelhecer com dignidade e de mostrar daqui a alguns anos que cada marca de expressão é parte da historia que vivi.
Nós mulheres temos uma beleza muito maior a oferecer. se você está feliz consigo e acredita que tudo isso é algo efêmero, pode ter certeza que a sua beleza vai brotar de dentro, sua sensualidade vai ser algo natural e latente. O atributo mais belo é a segurança dos seus atos.
Antes que eu me esqueça, lembrei de uma amiga gorda que já teve muito mais namorados do que eu...As gordas, as baixinhas, as de óculos, as tortas, as sem peitão nem bundão estão ai, vivendo, namorando, desfilando, e vão estar ai sempre por que aqui no mundo Gisele é uma excessão...E você já reparou que pernas finas ela tem?Viu?!

13 julho 2008

Fetiche intelectual


Eu gosto de cérebros! Pronto, falei. Acho que as coisas que nos atrai para as pessoas vão se formando com o tempo, como por exemplo a minha predileção por homens magrelos, meio desajeitados e com cara de cachorro chutado na rua foi se formando com as experiências destes meus curtos 20 anos...Mas desde que me entendo como um ser que pode gostar de outros, já tinha comigo uma atração irressistivel por massas cinzentas musculosas.
Se fossemos agora fazer como Bourdieu e categorizar a aquisição de conhecimentos científicos e culturais como um capital igual a aquisição de bens econômicos, poderíamos dizer que sou atraída por homens dotados de cérebros bem ricos de inteligência. Assim eu seria uma verdadeira intelectual interesseira! Credo!hahahahaaha.
Mas vamos falar a verdade...Não sei as outras que gostam de músculos mais visíveis, só que gosto mais daqueles que me façam desafios mentais, que me mostrem perspectivas novas, coisas fora do comum. Adoro ficar vendo quantos livros nos lemos, quanto temos a capacidade de explicar as coisas um pro outro. Também gosto quando eles falam sobre as noticias dos jornais e dos assuntos do cotidiano embasando sua conversa teoricamente, citam exemplos de livros enormes, tiram poemas da manga, ou cantam (muito mau admito) musicas otimas. Só eles tem um humor fino, umas sacadas únicas, uns trocadilhos infames (porém não idiotas), contando piadas que poucos entendem. E mesmo assim travam brigas diárias com a timidez, incompreensão alheia e propia, e muitos até lutam para conseguir músculos visíveis... Pra quê? Vocês são lindos assim!
Acho que respondi por que não ando suspirando por todos os homens convencionalmente bonitinhos... Só depois de uma hora de conversa quem sabe?

04 julho 2008

Educação para os Meios de Comunicação


Teve um post no blog do Daniel sobre o uso da internet, e como este estaria formando leitores instantanêos, efêmeros, e com índice baixo de concentração prejudicial a vida "real", ou seja, as relações fora da tela seja ela qual for. Ele até brinca e pergunta a quantas anda a sua concentração para ler textos longos e densos que requerem uma maior atenção.
Mas o interessante desse post foi os comentários, onde acabei travando uma discussão (saudável e amistosa) com a Daisy, que estuda na área de comunicação e acabou por me fazer uma indagação sobre o papel da educação na formação de espectadores críticos perante a mídia, já que o avanço desta na maneira como tratamos o acesso a informação se torna, na sua visão, cada vez mais inevitável.
Pois bem Dona Daisy, aceitei o desafio e corri atrás de informações que poderiam lhe esclarecer melhor essa questão.
Aqui no Curso de Pedagogia temos a oportunidade (mínima é verdade) de estar estudando de maneira mais aprofundada a relação entre mídia, tecnologia e educação através de eixos formativos eletivos ao currículo oficial do Curso. Nesses eixos o futuro pedagogo tem a oportunidade de estudar temáticas que tem uma relevância e urgência social em serem abordados pelo âmbito educacional (não sei se percebeu a palavra urgência) por estarem causando um processo de mudança na relação dos indivíduos com o mundo, e consequentemente com a educação.
Não é de hoje que ouvimos dizem a boca grande que os conteúdos da televisão, a internet e os meios de comunicação de massa vem ganhando uma importância maior do que os abordados no ambiente escolar. Isso é preocupante pois sabemos que educar não é o real papel destas ferramentas (não estamos falando nesse momento do papel que deveriam ter, e sim de como se configuram hoje), que trabalham como instrumento de alienação geral, e principalmente de uma classe impossibilitada pelo sistema vigente de alcance dos códigos elaborados do conhecimento, no caso aqui a classe popular.
E a mídia se presta a esse papel justamente por estar nas mãos de pequenos grupos que não tem o menor interesse em uma formação critica de seus espectadores, já que o interessante é o estimulo ao consumo de suas informações transformadas em consumo de um ideal de vida e mercadoria que precariza as relações humanas no seu sentido real. Vivemos em uma sociedade do espetáculo onde nossas ações são vendidas e as pessoas são consumidas como mercadoria, onde se tem a ilusão do controle das suas ações e da dos outros através dos Big Brothers, das colunas eletronicas de fofocas, da constante banalização da violência e da barbárie, nos tornando alienigenas em nosso propio mundo, insensíveis as dores alheias e até as nossas propias.
Contudo há uma saída para toda essa problemática que deve ser dada pelos sujeitos sociais do processo, e movimentos de contracultura são importantíssimos nessa perspectiva.
Lembrei que uma vez em um fórum de discussão no orkut me perguntaram que já que sou contra o sistema capitalista por que então estava me utilizando de uma ferramenta criada pelo Google, um dos grandes representantes deste modo de vida? Rebati dizendo que apesar de ser um meio "criado pelo capital" ainda era um espaço onde eu poderia estar levanto discussões e disputando a favor de uma sociedade realmente justa, e que para isso qualquer lugar é valido.
O orientador da minha monografia me disse hoje que o grande beneficio que o sistema capitalista trouxe para a humanidade foi o estimulo as inovações tecnológicas, e que apesar deste querer que todos nós acreditemos ser isso resultado puro e simples de sua existência temos a alternativa de mudar a situação ao nosso favor. Ou seja, apesar das inovações tecnológicas terem nascido no berço do capital elas são inerentemente ações do esforço humano, e por isso temos a oportunidade de tirar isso do serviço para alienação para coloca-lo a serviço da emancipação.
Tudo vai depender como disse mais acima das ações de ruptura dos movimentos de contracultura que vem se instalando em nossa sociedade e colocando em xeque o papel do humano no mundo em que vive. E a escola, como um organismo dual dentro do sistema (que pode tanto reproduzi-lo como contesta-lo) também tem esses papel de educar para a formação critica perante a mídia.
Isso está acontecendo aos poucos, com movimentos reconceptuais que propõem a mudança do currículo escolar para contemplar temas que venham dar aos sujeitos do processo educativo a real noção dos problemas que afetam a nossa sociedade, tornando estes capacitados a atuar de maneira transformadora neste meio, na busca por uma sociedade justa com uma cultura que resgate, respeite e valorize o humano e as suas relações. A educação para os meios de comunicação está dentro destes novos temas abordados pela escola transformadora.
Mas isso querida Daisy, você sabe não é fácil, já que poder é algo que ninguém entrega assim de mão beijada, e a manipulação de mentes ajuda muito na manutenção do status quo. Contudo acredito que nós que estamos prestes a sair da universidade temos um desafio grande pela frente, como profissionais da comunicação e educadores, pelo trabalho de formação de mentes criticas e atuantes.
Boa sorte para nós todos.