25 agosto 2008

Devaneios e Creme de Galinha

Hoje acordei com uma certeza em meu coração: sou uma falsa otimista.
Eu posso até enganar as pessoas, mas infelizmente não sou tão ardilosa comigo mesma, e isso é triste pois eu queria realmente sempre enxergar o lado bom das coisas. E o mais engraçado de tudo é que estas síncopes fatalistas sempre tem data marcada para acontecer - 25 de Agosto, dia que completo anos de vida.
Não, meus poucos(porém prestimosos) leitores, isso vai passar e com certeza amanhã estarei bem feliz, só que os aniversários tem um quê de revival melancólico, e coisas deste tipo me deixam mais sensibilizada que de costume com minhas propias mazelas.Eu abro meu orkut e vejo minha caixa de mensagens cheia de votos de felicidades e muitos anos de vida, todas vindas de grandes amigos, de companheiros de luta, de alguns amores, ex-amores e quem sabe alguns futuros amores...Mas sempre me pego pensando, se este fosse o meu ultimo aniversário?
Fui ajudar minha mãe no almoço, cozinhar me relaxa e hoje nós duas decidimos experimentar fazer creme de galinha(aliás um beijão pra Dona Eurides, que é com certeza um amor de pessoa, e quem gentilmente me cedeu esta receita). E enquanto desfiávamos os pedaços de peito de frango cozido, eu pensava em tudo o que me aconteceu até eu estar ali, naquele momento corriqueiro na cozinha, minha mãe lavando o arroz...Minha mãe, será que ela estava pensando que eu finalmente cresci? Será que eu finalmente cresci?
Só sei que cada vez que o tempo passa eu me sinto mais confortável, pois finalmente posso assumir meu estado de espírito favorito, alheio e distante, cerebral, com uma pitada de humor esdrúxulo, que muitas vezes beira o ridículo. Ainda me preocupo, mas estou cada vez menos ligada aos pensamentos das outras pessoas. Talvez isso possa ser a definição de crescer - ter cada vez mais consciência de si.
Afirmo com toda certeza que me sinto bem melhor agora do que na minha adolescência. Que época pavorosa onde você necessita ser aceito, estar em um grupo, ser o tal, e isso é muito cruel.
Lembrei de quando eu tinha 16 anos e comprei uma revista, e nela tinha uma entrevista(que me marcou muito, tanto que me veio na memoria hoje) com uma banda de rock que eu gosto bastante. A repórter perguntou ao vocalista o que eles sentiam ao saber que tinham fãs na faixa dos 16 anos, e estes responderam que achavam gratificante ver que a música que fazem ultrapassa uma barreira de idades. Então a repórter emenda e pergunta se eles se consideram eternos adolescentes...Já pensou que pesadelo?Diz o vocalista - você ficar eternamente preso a uma idade e não ter a possibilidade de crescer com as experiências que a maturidade pode te proporcionar, me parece mais um filme de terror...
Pega o molho e bate no liquidificador junto com a maisena... Minha mãe me dá um abraço, deseja que todos os meus sonhos se realizem. Já pensou minha filha - me diz ela - que poucos estão onde você está com 21 anos?
Não quis pensar nisso... põe o molho junto com o frango desfiado no fogo, acrescente meia lata de creme de leite e uma lata de milho verde...Olhei para o quintal e as borboletas amarelas estavam voando em grande quantidade. Meu primo me disse que uma borboleta vive no máximo duas semanas, dai pensei o quanto deve ser intensa a vida destes seres, que passam um bom tempo se rastejando na forma de largatas, e depois de um tempo de maturação saem lindas voando pelo mundo, polenizando as flores,ajudando a vida a seguir seu curso.
Me indaguei como pode haver tanta filosofia de "carpe diem" dentro de um ser tão frágil? Me indaguei também de onde eu tirei tanta força em certas horas pra lutar, resistir ao cansaço. De onde vem essa certeza de um dia realizar grandes feitos? Mais perguntas ao vento...
Já tá no ponto mãe, será que ficou bom?Prova aqui Alex, vê se ficou gostoso... Meu amigo me diz que eu só tenho 21 anos mal feitos, sinal de muito tempo pra tudo, inclusive pra acertar na receita.

2 comentários:

Paulo Vilmar disse...

Dona Gerussol!
Que post mais lindo é esse? SAbes mesclar divertidamente o inusitado com o cotidiano, a filosofia com o dia a dia, meu único porém, vai na receita, que quero reproduzir e não consigo. Além de tudo, com que acompanhamento se come?
Beijos.

Gerusa disse...

Eu como com arroz branco, pra mim não há acompanhamento melhor. Me dá o teu email que te passo a receita bem explicadinha.
Ah! elogios seus são bençãos aos meus olhos.
Beijos Seu Paulo