Eu deveria ter parado pra pensar nisso a muito mais tempo, só que muitas vezes certas coisas te incomodam mesmo que só no pensamento. Isso porque certos questionamentos não são facilmente explicáveis se utilizando apenas o campo das idéias. É preciso agir em cima destas questões, e na maioria das vezes o mais rápido possível, pois fazem parte de um problema muito grande.
E nesta semana que passou, a grande questão que veio na minha cabeça foi suscitada pela triste noticia da menina que foi violentada sexualmente, morta e encontrada esquartejada dentro de uma bolsa de viajem, na lixeira de uma rodoviaria.
Não me questionei quanto a crueldade do ato, quanto ao sofrimento da mãe, e tão pouco a necessidade de se fazer justiça perante o crime. O meu questionamento surgiu a partir das suspeitas da policia em relação a quem teria cometido o ato, onde a suspeita recaia em certo individuo que já havia sido preso por crimes semelhantes, e que no momento estava em liberdade. Tendo-se a noticia de que após sair da penitenciaria já haveria molestado sexualmente de um garoto.
Violência sexual contra crianças e adolescentes se tornou uma grande chaga no nosso país. O que se torna ainda mais caótico quando em contra partida temos uma legislação primorosa no que diz respeito a garantia de Direitos e proteção deste segmento da sociedade. A exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente que comemora 18 anos de existência, porém sem efetividade alguma.
Trabalho a uma ano e meio com o tema, e posso afirmar que a Rede de Atendimento e Proteção das Crianças e Adolescentes não funciona como tal. Suas falhas em estruturação, capacitação de agentes e planejamento de ações são visíveis. Mas o que isso tem haver com o possível assasino?
O fato é que a Justiça pode até tentar se manifestar de maneira eficiente no que diz respeito a punição dos agressores. Quando há denuncia, e o processo não se perde em meio a interrogatórios infrutíferos e exposição inapropriada da vitima, pode-se de fato caminhar para uma punição de acordo com a gravidade do caso. Contudo o investimento na recuperação destes agressores é nulo.
O que se pode notar desde o principio é que se o agressor não for logo linchado pela população raivosa (afinal Violência sexual infanto-juvenil é algo que choca, criando de imediato o sentimento de repulsa e revolta contra quem o pratica) ele será com certeza estuprado e até morto na cadeia, onde os códigos paralelos não perdoam tal ato. E isso seria um alivio na mente da maioria da população, já que pessoas como estas, se é que podem ser chamadas de pessoas diriam uns, merecem mesmo é morrer de uma morte bem sofrida. Só que o sistema do Bode Expiatório em tese se acabou com o advento da Lei, e não podemos mais levar as coisas no olho por olho.
Todo crime, pela sua natureza de atentado contra a liberdade do outro, não pode ser encarado como algo comum. E em se tratando da Violência sexual infanto-juvenil se torna ainda mais grave, pois a vitima é alguém a priori incapaz de defender-se do outro de alguma forma. Por esta razão, assim como a vitima necessita de acompanhamento e tratamento para ter a chance de recuperar-se do trauma, o agressor também necessita de acompanhamento e tratamento especifico para livrar-se dos intentos que o levaram a cometer o ato. E pesquisas mostram que apenas 2 % dos agressores não manifestam recuperação após o tratamento. Geralmente pessoas que possuem alguma patologia detectada, o que são casos raros.
O caso desta menina poderia virar um exemplo do que seria evitado caso investimentos na recuperação de criminosos dessa espécie fossem aplicados em nossos presídios. O Sistema penintenciario de nosso país precisa de uma grande reforma neste sentido, e a boa noticia é que já há vários estudos e projetos com intuito de tratar e recuperar criminosos para uma possível ressocialização. Porém a falta de recursos entrava a continuidade de tais trabalhos.
Só espero que o Governo e sociedade não demorem tanto a enxergar e pensar sobre esta necessidade, pois o nosso tempo é curto e o trabalho a ser feito é muito para evitar que mais crianças e adolescentes tenham suas vidas desrespeitadas.
E nesta semana que passou, a grande questão que veio na minha cabeça foi suscitada pela triste noticia da menina que foi violentada sexualmente, morta e encontrada esquartejada dentro de uma bolsa de viajem, na lixeira de uma rodoviaria.
Não me questionei quanto a crueldade do ato, quanto ao sofrimento da mãe, e tão pouco a necessidade de se fazer justiça perante o crime. O meu questionamento surgiu a partir das suspeitas da policia em relação a quem teria cometido o ato, onde a suspeita recaia em certo individuo que já havia sido preso por crimes semelhantes, e que no momento estava em liberdade. Tendo-se a noticia de que após sair da penitenciaria já haveria molestado sexualmente de um garoto.
Violência sexual contra crianças e adolescentes se tornou uma grande chaga no nosso país. O que se torna ainda mais caótico quando em contra partida temos uma legislação primorosa no que diz respeito a garantia de Direitos e proteção deste segmento da sociedade. A exemplo do Estatuto da Criança e do Adolescente que comemora 18 anos de existência, porém sem efetividade alguma.
Trabalho a uma ano e meio com o tema, e posso afirmar que a Rede de Atendimento e Proteção das Crianças e Adolescentes não funciona como tal. Suas falhas em estruturação, capacitação de agentes e planejamento de ações são visíveis. Mas o que isso tem haver com o possível assasino?
O fato é que a Justiça pode até tentar se manifestar de maneira eficiente no que diz respeito a punição dos agressores. Quando há denuncia, e o processo não se perde em meio a interrogatórios infrutíferos e exposição inapropriada da vitima, pode-se de fato caminhar para uma punição de acordo com a gravidade do caso. Contudo o investimento na recuperação destes agressores é nulo.
O que se pode notar desde o principio é que se o agressor não for logo linchado pela população raivosa (afinal Violência sexual infanto-juvenil é algo que choca, criando de imediato o sentimento de repulsa e revolta contra quem o pratica) ele será com certeza estuprado e até morto na cadeia, onde os códigos paralelos não perdoam tal ato. E isso seria um alivio na mente da maioria da população, já que pessoas como estas, se é que podem ser chamadas de pessoas diriam uns, merecem mesmo é morrer de uma morte bem sofrida. Só que o sistema do Bode Expiatório em tese se acabou com o advento da Lei, e não podemos mais levar as coisas no olho por olho.
Todo crime, pela sua natureza de atentado contra a liberdade do outro, não pode ser encarado como algo comum. E em se tratando da Violência sexual infanto-juvenil se torna ainda mais grave, pois a vitima é alguém a priori incapaz de defender-se do outro de alguma forma. Por esta razão, assim como a vitima necessita de acompanhamento e tratamento para ter a chance de recuperar-se do trauma, o agressor também necessita de acompanhamento e tratamento especifico para livrar-se dos intentos que o levaram a cometer o ato. E pesquisas mostram que apenas 2 % dos agressores não manifestam recuperação após o tratamento. Geralmente pessoas que possuem alguma patologia detectada, o que são casos raros.
O caso desta menina poderia virar um exemplo do que seria evitado caso investimentos na recuperação de criminosos dessa espécie fossem aplicados em nossos presídios. O Sistema penintenciario de nosso país precisa de uma grande reforma neste sentido, e a boa noticia é que já há vários estudos e projetos com intuito de tratar e recuperar criminosos para uma possível ressocialização. Porém a falta de recursos entrava a continuidade de tais trabalhos.
Só espero que o Governo e sociedade não demorem tanto a enxergar e pensar sobre esta necessidade, pois o nosso tempo é curto e o trabalho a ser feito é muito para evitar que mais crianças e adolescentes tenham suas vidas desrespeitadas.
2 comentários:
Certamente é um tema espinhoso. Eu também geralmente enxergo as coisas desse jeito, tentando ver a questão de vários ângulos. Não é fácil mesmo. Raiva dá. Penso na minha pequena e o que eu sentiria se estivesse no lugar do pai... mas enfim, continuo achando que violência cíclica não leva a lugar nenhum (senão não seria cíclica =P) e é o que está afundando este país cada vez mais. Não ajuda também a crença generalizada que esses casos são irrecuperáveis. Quem sabe, mas duvido que isso seja motivo pra não tentar. Não importa o quanto custe essa tentativa, sera sempre um preço menor do que outras vidas mais.
poxa, também me entristeci e fiquei chocada quando soube desta notícia tão trágica. me choquei, também, quando tive conhecimento que, depois deste, outros dois casos de violência contra crianças haviam acontecido naquela cidade.
claro que a mídia se aproveita do drama sentido por famílias e populares daquela cidade para colocar ali, na pacata curitiba, o foco de todas as crueldades, quando a triste verdade mostra que casos semelhantes estão a acontecer por todo o paí, e quase que diariamente.
pensar que tamanha violência fora cometido por alguém que não deveria estar em liberdade por já ter praticado crimes semelhantes, realmente é coisa que angustia. gostei bastante da abordagem sobre a necessidade de se tratar essas abordagens como uma questão de saúde pública.
gostei da forma como tu conduziste o texto, gerusa. sem todos aqueles juízos de valores ou carga de ódio e dramaticidade com que se costuma dar a textos que se referem a um tema tão triste e ao mesmo tempo tão presente, que é a violência contra nossas pequenas crianças.
beijo,
camilinha
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