30 setembro 2008

No recreio


Intervalo da aula de Francês, e na sala tinha um resto do antigo quadro negro (que na verdade sempre foi verde, e não sei por cargas d'água dizem que é negro) e um toco de giz dando bobeira...

A receita perfeita pra um rabisco! E eu, lógico, não deixei a chance passar...Só a mão que ficou meio esquisita, mas fazer o quê?!

Deixo essa menina com cara de sapeca rindo pra você!

26 setembro 2008

Acasos (parte I)


.Eram seis da tarde, e ela olhou para o relógio não acreditando por um momento que as horas haviam passado tão depressa. Mal havia chegado da rua e já devia sair novamente, não precisava, devia. O dever é uma coisa que lhe pesa muitas vezes, e nessas horas ela queria mandar ele (o dever) tomar naquele lugar, e numa de suas viagens pensou - se os gays gostam, não deve ser tão ruim assim - e riu de suas besteiras sozinha.

- Menina! já viu que horas são?! - Entrou a mãe esbaforida no quarto, e o riso foi embora pela porta que se abriu, lembrando ao dever, que estava suspenso no ar, de cair novamente em seus ombros. E ela foi se arrastando pro banho.

O ônibus lotado, ela lembrando do sonho que teve na noite que se passou, com seu ex-namorado, os dois em uma caverna, onde antes da chegada dele ela descobria coisas, que pela tensão sentida na procura deveriam ser de grande importância. Coisas que se reveladas mudariam o mundo - Um tesouro talvez, ela pensa. Mas nunca saberá do que se tratava sua busca pois no instante da descoberta o ex- namorado chega e a distrai, a caverna cheia de mineiros de repente fica vazia, e o dia vira noite.
Não queria que estivesse ali, pois era perigoso, poderia se machucar - mas por que? - e ela não queria isso, não para ele, tanto que o medo do sonho (ou seria pesadelo?) ainda a faz pensar. Saiu correndo pelos túneis, ele agarrou forte na sua mão, estavam sós, ela com raiva da presença dele ali e um telefone toca estridente! Eles correm seguindo o som e chegam a uma sala com um poço fundo, o telefone em uma linda mesa. Ela atendeu, mas ninguém do outro lado quando, no mesmo instante um monstro horrível sai do poço... Que coisa mais louca - Disse a si mesma.

Que otimo que o professor não foi - Pensou, e queria mesmo era beber, esquecer do sonho ruim. Ligou pra amiga, se encontraram na parada de ônibus, e enquanto esperavam ela lhe contou o sonho que teve. - Procura um psicólogo, esse seu amor reprimido pelo seu ex não te faz bem, disse a amiga. Mas ela não queria um divã, anseiava por uma mesa de bar...

PS: Gente, depois eu continuo a história viu! Não é pra criar espectativa não, e pura falta de tempo de escrever tudo agora. Beijos!



16 setembro 2008

Desejando Bethânia ardentemente


Ganhei de aniversário um DVD com o show da turnê "Tempo, tempo, tempo, tempo" de Maria Bethânia (muito bom, recomendo). E pela pura falta de tempo, ou até preguiça mesmo sabe, eu deixei ele lá na estante, carente da minha atenção. E nesse sábado passado, sem dinheiro nem pro pão nem pra cachaça do Seu Batista, resolvi assistir. Que tonta eu fui...

Um fato não nos foge e o de que Bethânia possui uma unanimidade concedida a poucos artistas neste mundo, pois você pode nem gostar das coisas dela, mas a respeita solenemente e nem sabe por que assume esta postura. É algo quase cultural, praticamente instituído em nosso país admirar essa mulher, um costume tão bem aceito que pouca gente se pergunta, pois já virou algo natural. Perguntei a um amigo que gosta de Heavy Metal o que ele achava sobre cantores como a Bethânia - Gosto não sabe, mas respeito pra caramba- foi o que ele me respondeu.


Se você por acaso está achando que eu vou falar mal dela pode esquecer, Bethânia não merece. Depois de passar quase uma hora e meia hipnotizada com a voz dela fiquei incapaz de falar alguma coisa, e assim que o êxtase foi embora acabei por me maldizer de passar tanto tempo se dar atenção devida ao DVD abandonado na estante. No fim de tudo pensei - O que ela tem?


No outro dia, com calma e olhar atento, assisti novamente o DVD, só no intuito de buscar a resposta para a admiração que esta mulher causa. Antes de tudo olhe, mire, veja esta foto e me diga se não se remete no seu inconsciente a uma divindade que povoa o imaginário brasileiro e é cultuada pelas religiões de origem africana como a rainha do mar. Repare na suavidade dos pés descalços, na fluidez do tecido sobre o corpo, e na agilidade sensual mostrada por este.

Não vou falar de sua voz, isso todos reconhecem, mas nem todos reparam o quanto Maria Bethânia é dotada de uma sensualidade latente, um quê de sereia da beira da praia, com seus cabelos longos, sua cortesia, seu olhar de gato, o jeito de postar as mãos na cintura, muito senhora de si, ciente do poder exercido sobre os demais. E mesmo assim não mostra intuito explicito de se aproveitar da situação, porque o público também a seduz.

Só que o melhor da Bethânia sensual é que esta condição lhe cai tão bem, e exercida por ela de maneira tão natural quanto fazer xixi, que beleza física se torna algo totalmente segundo plano (mas vamos combinar que ela tá enxutessíma!). Vejo que quando a mulher amadurece ela cria uma percepção muito maior de si e do seu poder de dominar o mundo (sim, nós conspiramos...) que as imposições ridículas da nossa sociadede e as relações feitas por esta entre sensualidade e beleza física padrão vão para um buraco qualquer, bem longe da nossa cabeça.
A Bethânia não premedita sua sensualidade, ela simplesmente exerce sua condição de mulher livremente e isso faz dela sensual por excelência. E o mais legal e que quando vemos sua performance no palco, não ligamos sua figura em momento algum a menções de vulgaridade ou utilização do corpo da mulher como um objeto sexual, como se costuma fazer por ai com as ditas "sexy" e afins. Ela se apropriou tanto de si que ninguém pode usa-la, ninguém pode dizer nem A nem B. Só vemos dela o que ela quer que vejamos. Está ai a explicação de tanta admiração por ela.

E eu acredito que se alguem chegar pra Bethânia um dia e dizer - nossa como você é sensual! - com certeza ela vai dizer - Que isso... Mas obrigada, você é muito delicado - Então você fica lá, babando em êxtase. Por essas e outras não adianta mulher, você viver no salão de beleza (como já dizia o Baleiro nos seus versos, há menos beleza no salão de beleza) , se dentro de si não possui o impulso vital (quem sabe uterino) da sensualidade. Minha mãe sempre me diz que maquiagem só realça o que temos de bonito, então de que adianta o batom se você não sorri?

Como diz Bethânia "Quem não é reconcávo não pode ser reconvexo".

06 setembro 2008

Eu não sou seu...

O que temos em mente quando pensamos em relacionamento aberto? Eu juro que não sei muito o que pensar, creio que é por conta disso que eu pergunto, que estudo(não sei por que insisto que o estudo me dará a resposta). E depois de tanto perguntar, parei e me indaguei - será que estamos preparados para esse tipo de relacionamento?
Não meu povo, isso não quer dizer que estou namorando, ou pensando em manter um relacionamento aberto(até segunda ordem estou querendo mesmo é distancia), mas de tanto eu ver gente dizendo que mantêm um relacionamento aberto, e ver tantos destes fracassando, fico em duvida se realmente sabemos conduzir essa situação.
É muito bonitinho, tá na ultima moda, mas o essencial para se ter um relacionamento aberto, na minha visão, ainda não é cultivado pela maioria. Esse essencial se materializa no respeito e na abolição do outro como uma posse sua.
Por exemplo, muitos homens hoje adoram essa história e vêem esse tipo de relacionamento como um consentimento da namorada pra sair por ai "pegando a mulherada" a vontade, sem a culpa institucional de traição(se é que ele se sentia culpado). E a maioria das mulheres hoje aceita o relacionamento aberto, mas se sente traída se sabe que o outro estava com outra. Mas ainda tem a terceira pessoa, qual é o papel desta na situação?
Ah! Eu não ligo se ele já tinha outra antes de mim - MENTIROSA! Lógico que você liga, fala a verdade vai. Talvez até não ligasse mesmo, se muitos não tivessem a atitude de usar a terceira pessoa como um estepe para as horas que não tem mais o que fazer, ou porque brigou com o outro, enfim, achando que aquela pessoa é algo da sua estante.
O que eu quero dizer é que na sociedade de hoje, onde as relações de propriedade são o norte das situações, se torna uma saga quase impossivel ter um relacionamento aberto, pois algo deste tipo requer um desprendimento ao qual ainda não estamos acostumados. Se você não aprende na escola a compartilhar o brinquedo, tão pouco vai conseguir fazer isso nas relações afetivas. Enquanto houver a possibilidade de magoa, vai se anulando a possibilidade de uma relação saudável, e isso vale para qualquer "modalidade" afetiva.
Por isso digo que antes de sair por ai aceitando ou engendrando um relacionamento aberto, ou qualquer tipo de relacionamento, devemos buscar o verdadeiro sentido da convivência, do entendimento, do respeito mutuo, da liberdade principalmente.
Devemos ter em mente que o melhor da relação é o que podemos viver e aprender com o outro, e não simplesmente possuir o outro. Acho que quando enfim descobrirmos isso, a sociedade não vai mais precisar de definições, classificações e nomenclaturas.